terça-feira, 2 de novembro de 2021

Largue a culpa, disseram.

 “largue a culpa” disse alguém, como se as coisas fossem assim largáveis. “largue a culpa” como se a culpa fosse uma bagagem imprestável. Ora, no senso comum nem sempre há algum bom senso. Ou estarei eu errado em elogiar a culpa? Tal sentimento que nos abarca sempre que percebemos a cagada que fizemos, ali fica porque é funcional. Que seria da nossa mente sem a culpa? Seriamos psicopatas, doentes e em nós faltaria algo muito importante: a culpa. Culpa que clama pelo arrependimento, que por sua vez pode gerar uma mudança de comportamento e de curso. Mesmo que a pessoa pudesse largar a culpa, ela não deixaria de ser culpada. O inocente não aceita a culpa, mas ele não será inocente se for culpado. Sem a culpa estaríamos sempre ligados pra fazer o que bem entendêssemos sem nos preocuparmos com mais nada. A culpa é auto-julgamento. Faz parte do juízo da pessoa. Largar a culpa é algo muito cínico e auto enganoso. Porque a pessoa larga a culpa mas a culpa não o larga. Se perdoar implica em compreender que se fez errado, se arrependeu e se está se determinando a não cometer o mesmo erro. Ai sim, a culpa é superada. O erro principal de largar a culpa é achar que tudo passa, sendo que nada passa. Só aprende com a culpa quem a aceita.

Claudia Botega

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sintam-se livres para comentar. Agradeço a visita e volte sempre!