O lado bom de perder as esperanças

 De fato eu me enchi da política brasileira. Estava falando isso com um amigo. Ele me criticou porque eu tenho uma grande desesperança com relação ao Brasil. Mas ao contrário do que ele pensa, eu penso que a desesperança na política não tem nada a ver com perder a fé na vida e na existência. A política é cheia de mentiras. As pessoas não são e nem pensam o que dizem ser. O ego está no controle. Sair dessa coisa toda não tem nada a ver com negar a vida, ao contrário, quando a gente sai desse dilema, a gente percebe que a verdadeira vida acontece no nosso quintal. É a vida das pessoas que nos cercam, os animais as plantas. Fechar as portas pro embate político é abrir a porta da tranquilidade. Hoje olho a política e me pergunto se eu de fato era mais um desses idiotas que ficam brigando por políticos. O pior que eu era mesmo. Mas se até os Pokemons evoluem, eu não vou ficar sempre no mesmo grau de idiotice. Parei de brincar disso. Mas o universo é grande e grandes são as possibilidades. O que todo político quer é que entremos nesse jogo, que é como um bloco de carnaval só que hostil. Muita paixão e pouca razão. Isso pode dominar uma pessoa ao ponto de tirar ela de si mesma, colocando-a num enredo fictício que se traduz em uma gigantesca perda de tempo e de energias que poderia ser usadas com mais sabedoria. Morre uma coisa e outra Logo nasce. Ou eu mando em mim e me contenho, ou entro no bloco do uns contra os outros e fico nessa guerrinha besta que não leva a Lugar nenhum.

Há dois anos solteiro.

 Dois anos solteiro. Ficar sozinho em um Lugar isolado sem amigos, sem pessoas, sempre sozinho pode parecer algo um pouco triste. Mas eu tenho uma rara recordação Infantil de que um dia eu ficaria sozinho em algum lugar ermo. Isso aconteceu porque eu era o único menino com quatro irmãs e tinha meu próprio quarto. Sentia-me diferente dos outros. Eu não mudei muito e mudei também. Porque eu já gostava de artes, de música clássica e de aquários e animais. Agora sozinho estou sem limites e tudo o que eu sou tem aflorado sem obstáculos. Não ando negociando nada sobre minha vida. Mas uma parte de mim quer ter um amor. Alguém especial. Alguém favorita em todo o mundo. Mas não sei se essa pessoa existe. Não sei se eu ao pedir sabedoria colateralmente obtive a capacidade de ficar só, sempre reflexivo, sempre num esforço para me desdobrar. Sempre querendo entender a vida e minha missão. Estou aberto para o amor, mas desconfio que isso não vai dar em nada. Porque mulheres há aos milhões, mas aquela que tem a chave que abre o coração da gente é rara. Por isso eu caminho só. Estou inteiro e não me falta a metade. E eu sou grato. Não ao Deus lugar comum. Mas ao mistério que tem me permitido fazer a minha vida do meu jeito. Não precisamos ser modelo de nada. Mas acredito que estamos aqui pra sermos o que somos, seja lá o que formos. E somos o que nos fazemos ser. Trair isso é sair fora do eixo. É representar um papel e sempre se sentir falso. A sabedoria e a autenticidade não são pra todos. Muitos não pagam o preço. A maioria segue um caminho suave da conformidade. Eu já acho que não estamos aqui pra isso. No final da vida o que fiz de mim será a grande companhia. E eu partirei contente por um dia ter existido e sido alguém, como eu mesmo.

Deus é adorável?

 A mulher foi adorar a Deus, segundo me disse. Eu sempre fui na igreja, mas eu acho que nunca adorei Deus. Nem vou adorar. Adorar me parece uma coisa muito boba. É considerar Deus adorável. Isso é absurdo. Esse é um mundo belo, é verdade, impactante, com coisas tão maravilhosas, mas é também o berço das doenças, e todo ser vivo sofre nalgum momento dores que são de se perguntar se Deus merece ser adorado. Morrer de câncer, de suicídio, comido por um animal, assassinado, estupro, fome, miséria...E louvamos a Deus , eu acho, sobretudo como uma maneira de acalmá-lo. Porque todas essas merdas podem acontecer aos adoradores e aos não adoradores. Adorar a Deus é subestimá-lo. É tentar estabelecer, ainda que sem ter muita noção disso, um comercio e uma troca com Deus. Adoramos O monstro para que nos polpe. Adoramos enquanto estamos sadios e com dinheiro. Mas quando estamos na merda mais fodida, tipo Jesus na Cruz, ai vamos nos perguntar porque Deus nos abandonou. Amar a Deus é para amadores... A coisa toda é muito mais complexa. Melhor que louvar a Deus, eu penso, é esvaziar a mente e meditar. Porque o Deus que louvamos é apenas a nossa mente medrosa.