O que me move

 A única coisa que tem me movido é o dinheiro. Não que eu corra atrás dele pra ficar rico. Mas corro atrás dele pra sobreviver. Fiquei rico por um mês e voltei a ser o velho e bom André pobretão. O pior que não me encanta dinheiro. Prefiro as coisas que não envolvem dinheiro. Mas o dinheiro está entre mim e o que quero fazer e realizar. É incrível como alguns artistas tenham que se bancar, mesmo sendo produtores de cultura. E que o estatuto da arte tenha muito a ver com o cú das pessoas.

Por isso sou um artista marginal, procurando a minha dignidade entres as coisas pequenas e simples.

Minha personalidade me isolou do mundo e isolado eu me sinto a vontade. Há tanta confusão por ai e eu tento arrumar a minha própria bagunça. Só vou ser mesmo um artista elevado, quando encontrar o caminho da elevação, que tem muito mais a ver com o imaterial do que com a materialidade.

De certa forma fui me desvencilhando do Mundo e agora sou um ermitão. E aqui apartado da família humana, eu me preparo pra fazer Um presente, algo notável pra deixar pro Mundo. Porque o mundo é isso que estamos vendo e a arte é um lado bom. Enquanto alguns jogam mísseis, eu prefiro dar o melhor de mim e estar do lado do bem. Ainda que esse caminho me arruíne. Mas eu sei que lá no fundo vou permanecer firme. Por que o coração da gente é um tipo de inteligencia.

acontecem coisas com a gente

 Acontecem coisas pra gente. As pessoas que nos amam não querem que nada nos aconteça. Mas viemos no mundo pra que coisas acontecessem. Não só somos um acontecimento como nos acontece muitas coisas.

A essas coisas reagimos instintivamente. A humanidade precisou evoluir pra começarmos a pensar antes de reagir. A reação mais constante é reclamar. Porque de fato parece o mundo se opor a nós, oferecendo toda sorte de dificuldades.

Mas de tal forma é nosso cérebro, que as coisas negativas são as mais marcantes e memoráveis. Por razão de um intrincado sistema de autoproteção as memórias negativas estão sempre ali pra nos lembrar dos amargores da vida.

Porém e isso nem todos sabem, que o cérebro é a estrutura mais complexa que se conhece em todos o universo.

A mente de fato pode mudar as condições de vida e a qualidade de vida de um a pessoa. Mas a mente geralmente arruína multidões.

Lidar com a própria mente é uma obrigação de cada um. Tudo é mente.

Assim, sendo, devemos subverter à negatividade conscientemente. Procurar o positivo e pastorear pensamentos ruins, expulsando-os da mente. Assim se transforma o mundo interior que transforma en seguida o mundo exterior.

Por isso que agradecer todo dia coloca a mente no Lugar dela. Viver é um espetáculo maravilhoso, um presente de Deus. Mas também pode ser a pior merda, presente do diabo. E è sempre a mente. Sempre ela, a louca e a luz dos nossos caminhos.

Ontem chorei

 Ontem chorei ao ver uma cena, de um chipanzé muito velho morrendo. Ele estava na mesma posição que estava no ventre de sua mãe. Instintivamente ele volta ao principio, porque voltou a ser indefeso e algo grande e severo se aproxima: A morte.

Assim são com todos os animais e nós não deixamos de sermos animais, no fundo, vamos padecer.

Um Pensamento caiu na minha mente enquanto caminhava na estrada: de que todos nós estamos vivendo uma vida que culminará na doença e na morte. Muitos vão pro céu, mas quase todos antes disso passarão por um inferno de dor e mal estar.

Não vamos conseguir fugir de ver nossos amados tombarem um a um, enquanto trêmulos permanecemos com um verdadeiro cemitério em nossa mente.

Porque Deus colocou toda a vida no mundo pra morrer? Qual o propósito de haver morte e sofrimento pra todos?

Assim é. Não há muito o que fazer diante do inevitável. Mas podemos nos preparar. Aprender a morrer nesse ínterim. Aceitar a finitude; apesar do pensamento que não quer acabar.

A única solução é sermos compassivos. Todos vamos sofrer e todos somos dignos de compaixão. A vida de todos nós terminará numa espécie de tragédia particular.

Aprender a morrer é encontrar conexão com o invisível. A espiritualidade não precisa de um Deus pra existir, porque é algo desenvolvido pela pessoa em seu interior. Mas Deus pode ajudar, também.

Na hora da morte, quando estivermos sentido que estamos indo embora, é bom que tenhamos confiança no mistério. Passada a destruição completa de tudo o que fomos, poderemos ai sim curtir uma paz infinita. Porque ao nada, nada mais poderá acontecer de ruim.