sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tentativa frustrada de matar um pombo...História veridica.


Isso aconteceu...

Subia a rua Santa Cruz, na Vila Mariana, São Paulo, quando de repente me deparei com um pombo atropelado na rua... Ele estava nas ultimas. A asa tinha se partido e uma fratura exposta era a primeira coisa que se via e tudo mais dava-lhe um aspecto miserável, uma mistura de penas e sangue e osso...Eu já tinha dado uns passos adiante mas tive que voltar. Olhei melhor aquele pombo e vi que ele estava morrendo. A única coisa muito viva eram seus olhos como dois ônix que brilhavam muito, umedecidos pela dor e a certeza de estar perdido. 

Munido das melhores intenções, eu afirmo, decidi acabar com aquele sofrimento. Eu ia libertar aquela alma daquele corpo. Me pareceu o certo. Me pareceu uma coisa cristã e humana. Resolvi matá-lo com o que eu tinha às mãos: elas próprias.

Comecei a torcer aquele pescocinho como já vi fazerem com galinhas. Mas não deu certo. Girei e girei aquela cabeça como se quisesse desparafusa-la. Depois dei uns puxões para ver se destroncava o pescoço e nada.

Nessa altura dos acontecimentos, já estava com a mão embolada de sangue e penas, percebi que um velho me observava do outro lado da rua. Ele não estava entendendo nada, via-se. Eu fiz uma cara como que me desculpando e dando de ombros e ele se foi me amaldiçoando... 

Enfim, depois de tentar apertar o peito com força com o polegar e tentar bloquear a respiração do pombo, tive que desistir por que aquele pombo não morria de jeito nenhum.

Recoloquei-o chão. A cabeça estava caída de tal forma que aqueles olhos me olharam e me lançaram um “por que?” que me calou fundo na alma. Ainda hoje as vezes vejo aqueles olhinhos brilhantes me fitando, numa agonia silenciosa.

O que sei é que se encontrar outro pombo morrendo vou deixa-lo morrer em paz....

André Parisi

Um comentário:

  1. Ai, ai ,ai...André , quase morri de rir, imaginando o velho, olhando a cena, sem saber o que o pombo teria feito para morrer daquela maneira “estrangulado”. Também a sua frustração por não poder se explicar apesar do fracasso no intento.
    Moral da historia: NINGUEM MORRE ANTES DE TEMPO, CADA UM DE NOS TEMOS NOSSA HORA.
    abçs...Paula

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