domingo, 20 de dezembro de 2020

medo da morte

 Já tive pavor de morrer e acho que o medo nunca perdemos. Mas com a idade vamos aceitando o inevitável. Alguns podem ter vivido bastante e bem o suficiente pra se fartar da vida. Outros que nunca viveram tudo o que quiseram sempre terão mais medo da morte, porque suas vidas são como obras inacabadas. Certamente a morte de cada um será um evento muito pessoal, e terá a ver com o momento do processo de existência individual. Nem sempre há uma moral. As vezes só resta o absurdo.

Agora, quem está vivo está em algum ponto entre o nascimento e a morte. Cada dia é um passo em direção ao fim. Mas a história tem começo meio e fim, geralmente.
A morte não deve ser esquecida. Ela pode estar longe ainda, ou ela pode estar "na cola". Ela pode ser anunciada ou pode vir de repente, no susto.
Mas a morte é o limite da duração do pensamento que vem tramando tudo desde sempre. Morrer é fácil, mas convencer o pensamento que ele terá um fim , isso é bem mais difícil.
O pensamento tem que transcender seus habituais temas para acomodar ao todo da vida a realidade da morte. Mas ele(o pensamento) se nega, muitas vezes. Não olhar essa realidade é melhor, pois se vai morrer mesmo...Assim pensam alguns.
Mas não. Precisamos aprender a morrer o quanto antes. Isso tem implicações na vida. As perguntas filosóficas devem acontecer caso a pessoa queira e anseie por um significado na sua vida. A morte lá na frente tá dizendo que o tempo tá passando e que algo precisa ser feito, aprendido, conciliado.
Viver é elaborar-se até o final. É usar o tempo que resta pra fazer a vida ter sentido, Pois o sentido dela é por nós inventado. Somos como uma obra de arte e estamos nos modelando. O sentido da vida tá na beleza, na utilidade e no exemplo aos que por ai ainda veem. Nos aprimorarmos é aprimorar a raça humana. A morte vem, é certo. Mas enquanto é dia, façamos cada qual a arte que é o mundo interior. Que ele transborde e alimente aos outros com o nosso exemplo.

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