segunda-feira, 5 de agosto de 2019

O Barraco

Acontecem coisas comigo muito interessantes...
Estou quieto no meu canto, tranquilo...Até que o vizinho, me chama pra conversar na cerca. Pensei comigo, vai dar merda. Eu nem falava com ele fazia uns 15 dias. Além dos cachorros dele terem me matado mais de 10 galinhas, ele soltou uma bomba nos meus cachorros, a bomba mais forte que existe a venda, gratuitamente, por pura maldade.
E de fato ele veio falando que eu estava falando mal dele. De fato, falei pra uma pessoa que me deu carona até a delegacia onde eu ia fazer um B.O. contra ele, por causa das galinhas. Porque os cachorro dele ficam na rua. A pessoa que me deu carona foi falar pra ele e ele quis brigar. Ele disse que eu devia falar na cara dele.
Eu disse:
- Você é um monte de bosta, um irresponsável de deixa os cachorros na rua, dá prejuízo pros outros e tá cagando e andando. Tá satisfeito?
Ai ele disse:
Você que é um monte de bosta, plantou maconha na sua casa...
Eu disse:
- E dai seu babaca, isso é comigo, cuida da sua vida. Seu cretino!
-Cretino é você, seu lixo! rebateu ele
- Você me deu um prejuízo e não tomou uma atitude! E se fosse com você?
No que ele responde:
-Isso não lhe dá o direito de falar mal de mim pros outros.
_ Eu falo o que eu quiser, a boca é minha. Eu disse que tava indo na Delegacia abrir um B.O. Mas nem abri porque tava sem sistema eu eu resolvi deixar pra lá, mas ainda posso voltar atrás.
-Ah, você é um bosta mesmo, entre aqui no meu terreno, pra vc ver uma coisa.
- Se eu quisesse enfiar a mão na merda eu ia até a privada seu canalha!
-Filho -da-puta!
- Filho-da-puta!...Não vou mais perder o meu tempo com você. É cada um dentro do seu quadrado.
- Ótimo, seu vagabundo!
Eu fui pro meu lado e ele pro dele.
Não passou quinze minutos, ouço uma voz de mulher.Vou lá embaixo, e uma vizinha me diz:
-Fulano(o que eu acabara de brigar), disse que o senhor está me comendo.
-Oque?! Como assim?!
O sangue ferveu.
-Vamos lá agora falar com ele.
Eu de lá mesmo já fui berrando:
- Seu filho-da -puta caluniador! Vem aqui falar o que vc disse pra esse senhora na minha frente!!!
Eu me surpreendi porque na frente da casa dele tinham mais 8 pessoas, todos vizinhos, todos muito putos da vida.
Cada um ali tinha uma razão diferente para estar ali. Mas as razões de todos se resumiam à fofoca!!! Esse que se queixou de eu falar mau dele, tinha acusado um menino de roubar a casa dele, que era filho da mulher que ele disse que estava comendo. Até o vizinho da frente aquele que já tem um B.O meu por ouvir o som super alto a noite toda, estava lá, revoltado por ter sido arrastado para intriga, bêbado e alterado. Ele trouxe com ele outro velho, totalmente bêbado que não tinha absolutamente nada a ver com a história mas que se metia em tudo e quase levou uma surra do marido da mulher...Marido que tinha sido envolvido porque deixara a caixa cheia de cachorrinhos na porta desse...
Cada um desabafava, totalmente emocionados. Mas o vizinho ficou com medo de descer e entrar na discussão e ficou quieto lá encima. Mas a mulher dele valentemente desceu e foi pra rua, se metendo no meio daquela gente, tentando justificar o marido.
Nessa altura do campeonato eu tava super calmo porque eu notei que eu não precisava mais ficar bravo porque todo mundo ali tava bem bravo. E isso me fez ficar muito da paz.
O vizinho da frente, que estava bêbado começou a chorar. Sem ninguém perguntar ele começou a contar o drama dele, que a mulher dele o espancava, tirou a camisa e mostrou pra todo mundo as costas lanhadas, os hematomas, as marcas dos maus tratos. Depois quando todos estava dando atenção pra ele disse:
_ eu sou ex presidiário!Na rua eu não tenho medo de ninguém! Se eu quisesse ser malandro eu sapecava uma bala em cada um aqui!
A polícia estava sendo esperada. Todos disseram que tinham ligado pra polícia e que agora que iam ver quem tinha razão. A polícia não apareceu ou estavam blefando.
Mas pra resumir a história, todos lavaram muita roupa suja, com as emoções a flor da pele. Eu passei a tentar apaziguar dizendo que a gente era vizinho e que tinha que dizer tudo mas que depois ninguém devia ficar com raiva do outro, porque um dia podíamos precisar de uma ajuda e os vizinhos deviam se respeitar.
A coisa foi se acalmando e logo me surpreendi ao ver que todos se apertavam as mãos e se abraçavam. Foi um verdadeiro acordo de paz. Eu poderia contar mais mil detalhes desse grande barraco, mas vou deixar pra um futuro conto, pois essa história desafia a ficção. O interessante que ao invés de virarmos a cara como seria o normal todos desabafaram, falaram na cara um do outro o que os Incomodava. Foi um alívio geral. Agora só se ouvem os grilos. E alguns sapos.

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