O que fazer com o meu cadáver? Instruções.
Senti um pouco de dor no peito e no braço esquerdo. Pensei que poderia ser covid porque a garganta estava arranhando um pouco.
Ai pensei que se fosse e eu morresse, o que seria do meu corpo? Engraçado que mesmo morto eu me preocupe com as despesas. Talvez alguém tenha que pagar pelo caixão. Mas se fosse só isso eu faria um belo caixão e o deixaria aqui guardado. A ideia de ficar ali no caixão, cheio de florzinha envolta não me dá a menor vontade de morrer. Tá certo que o morto meio que ligou o foda-se por toda eternidade e não vai estar nem ai pra isso, literalmente. Mas o mesmo não podemos dizer da carcaça que logo vai começar a cheirar mal e ser a própria deterioração daquilo que banhamos e passamos perfume uma vida inteira...Nem gosto de pensar no espetáculo natural da larva da mosca entrando por uma narina e saindo pela outra, me comendo e me cagando. Coisa morta é degradante mesmo. Seja o que for. A morte é o fim da beleza.
Mas eu prefiro dizer a verdade abertamente e afirmar que não quero morrer ainda, pelo menos não antes de resolver o que fazer com o meu cadáver.
A merda de ir para um cemitério, é que aquilo por mais pratico que seja, é horrível e cafona. Por favor, meus filhos, eu não quero parar num cemitério. OK? Sou uma pessoa que é e preferirá ficar sozinha. Quero um pouco de privacidade na minha morte. Não quero coleguinhas de túmulo, não. To fora desses condomínio.
Cremar me parece melhor. Mas não sai barato. Cremar é coisa de burgues.
Por isso as opções que encontro são:
Uma cremação do tipo indiano, feito numa fogueira. Ai, sim vou ser um morto realizado. E custo zero!
Mas também ficaria contente se meus filhos cavassem um buraco na terra, num lugar bonito e apenas me enrolassem numa mortalha. Cada um cava um pouco.
Gosto daquelas cenas que o cara cava uma cova, enterra e acabou. No máximo umas pedrinhas encima. Se der pra plantar uma arvore em cima melhor. E gostaria de comessem e se divertissem. Nada de tristeza.
Enfim...Gostaria de morrer com um mínimo de poesia...
Mas parece que não será dessa vez. as minhas dores, agora me caiu a ficha, não é de covid-19, são das porradas que a vida me deu, pra me lembrar o quanto eu sou idiota. Obrigado senhor.
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