quarta-feira, 17 de julho de 2019

E no final. valerá a pena ter vivido?

A senhora já de alguma idade estava deitada, morta, sua chama fora apagada por um tiro. Era uma polonesa. Uma eslava considerada de uma raça inferior.Aquilo fora muito frequente aquela época. Mas o que me tocou e me marcou foi a moça ao seu lado, segurando sua mão, falando tantas coisas, despejando tudo aquilo que sentia, um turbilhão de emoções, palavras tão sentidas, desesperadas, um adeus a todo um mundo e a um amor arrancado de maneira desumana. Como foi possível? Onde estava Deus? Quantos não tiveram seus corações despedaçados naquela época e em todas as outras?E cada morte não leva da gente algo que sempre ficará faltando? Mas assim é o mundo. Nesse aspecto, inapelável. Cada morte, justa ou injusta, é uma sentença. Se cada pessoa é um ponto de vista para toda a existência, cada morte é o fim de um mundo. É sair de um jogo que sempre se jogou, por instinto e necessidade e por desejo. O jogo acaba e a saudade insustentável fica. Até que ela também morre e acaba e tudo é esquecido. Por tanta dor e para suporta-la, nós que conhecemos a morte, nos espiritualizamos. Contra a arbitrariedade do destino, no fim de um túnel vemos uma clara luz, onde na verdade nada morre. Será isso um fato? Um desejo? fruto do medo? Ou será que toda a dor e desespero fazem parte de um plano divino? Será que nascemos nesse mundo e nos multiplicamos com algum propósito além da necessidade que sentimos de continuar vivendo? Será que somos apenas vítimas da vida, que tudo mata um dia? Parece que as respostas, mudas, devem ser decisões que tomamos para enfrentar esses fatos obscuros. Porque no final das contas a vida não é uma coisa nem outra, mas é aquilo que nós fazemos ela ser. Que vamos tombar é certo. Mas a pergunta final é: terá valido a pena viver?

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