terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Nunca estive tão pobre.

 Nunca estive tão pobre. Nunca antes precisei de ajuda de parentes. Mas esse ano que passou eu fui ajudado muito. A ajuda veio na hora certa,sem eu pedir. Por isso eu tenho a sensação de estar sendo cuidado, por algo invisível que também tem me orientado.

Ter quebrado o braço foi, olhando agora, uma oportunidade que a vida me deu. Saí da zona de conforto, e entrei numa zona minimalista, onde pude perceber que muita coisa que eu não vivia sem, eram apenas coisas instaladas pelo costume. Agora eu me alimento considerando o que é a comida. Perdi um ritmo e me tornei bem lento, muito reflexivo, inapto pra viver a vida que eu vivia antes. Porque tenho percebido que ganhar dinheiro e ter uma vida padrão, custa caro, custa o tempo do ócio, o tempo de entender porque estou aqui e o que a vida espera de mim.
É incrível estar chegando aos 56 anos de idade e ao mesmo tempo notar que cada vez sei menos sobre mim, o que quero, pra onde vou. Cheguei a um nível tão básico, onde a profusão da vida, sua infinita variedade não me confundem, pois vivo no mínimo. Tudo isso tem me feito estar comigo, sem artifícios. Me faz pensar que uma escolhe tem que ser feita e que ela é crucial. O que importa mais, o que sou por dentro, o que me tornei espiritualmente ou se me rendo e saiu em busca de dinheiro, como se fosse isso o objetivo dos meus mais íntimos esforços?
Se oro e peço é apenas por ter mais sabedoria pois entre todas as coisas que existem pra mim isso é o que mais tem valor. Isso também custa caro. Custa a não adaptação a um mundo onde o dinheiro fala alto. Onde o valor das pessoas está naquilo que tem no banco. Me parece que a sabedoria requer seguir um caminho Muito particular. Que não tem a ver com o desenvolvimento da humanidade mas com o desenvolvimento do individuo.
Nunca estive tão pobre e nunca estive mais aprumado. Minha comida é tão simples que meu corpo tem agradecido.
Eu orei pela sabedoria e tudo me foi como que tirado. E indo nesse caminho cada vez mais me liberto das ilusões. Ando tão vivo como alguém que precisa sobreviver a um desafio. Vou me ralando e me esfolando, mas isso vai também me afiando. Cada vez mais as coisas materiais vão perdendo pra mim o valor e cada vez mais vejo a consciência crescer. Por isso o canto do pássaro me afeta tanto. Por isso hoje eu consigo perceber melhor o vento balançando as folhas das arvores.
Posso estar redondamente errado, mas acho esse erro tão legítimo, se for. Mesmo errado cada vez me sinto mais autentico. Eu sinto que eu vim pra esse mundo pra ser eu mesmo. E as vezes isso implica em destruir todo o mundo.

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