domingo, 19 de maio de 2019

Por pouco...

Faz quatro dias tive um sonho que me fez acordar com o coração acelerado, muito assustado. Sonhei que a Pérola, minha melhor amiga e companheira, tinha caído na minha frente, morta. 
Ontem eu e ela assistíamos a um filme. Dai ela se levanta dá uns passos e desaba exatamente como eu havia sonhado. 
Ela tinha parado de respirar. Parecia que foi desligada da tomada.
A primeira coisa que fiz foi tirar ela do chão e deita-la na cama. Passou um minuto e ela não respirava. Não tinha pulso. Eu não sabia o que fazer, mas resolvi soprar dentro da boca dela. Fiz isso umas três vezes e ela tossiu e voltou a respirar com muito estertor e dificuldade. Mas não me respondia. Não abria os olhos. Mas eu fiquei mais aliviado dela respirar. 
Ai fui ligar pra ambulância. Liguei pra 192 mas a ligação foi pra 190. Contei pra polícia o que tava havendo e disseram pra ligar pro bombeiro. Liguei pro bombeiro e a ligação novamente caiu na polícia. Comecei ai a perder o sangue frio e comecei a me exasperar. Mandaram eu ligar de novo pro bombeiro. No bombeiro uma gravação, "agora todos nossos atendentes estão ocupados, aguarde ou ligue mais tarde. Finalmente me atenderam. Passei todas as informações. No final o cara disse que eu tinha que ligar pro Samu. Era evidente que eles estavam com problema com ramal pois eu ligava 192 e caia no 190. E não sabiam. Nossa, eu fiquei uma meia hora tentando falar com o Samu e não pude. E a cada ligação corria ver como ela estava. E estava sempre na mesma, desacordada. 
A próxima vez que liguei pro bombeiro o cara bem tranquilo me disse boa noite e eu respondi " boa noite o caralho!!! Tô a meia hora tentando um socorro e um me passa pro outro e não consigo falar com o Samu. E toda vez tenho que explicar tudo. Vocês estão de brincadeira!?!"
Esse cara me ajudou, Ligando ele pro Samu. Logo meu telefone não parava de tocar. Era polícia, era bombeiro, era finalmente o Samu perguntando detalhes de como chegar. 
Primeiro chegou a polícia. Surpreendentemente os cachorros foram todos pro canil pois perceberam que algo muito grave estava acontecendo. 
No que pareceu uma infinidade surgiu a paramédica. Ela era meio grossa, mas sabia o que estava fazendo. Parecia que tava dando uma bronca na Pérola, mandando ela respirar. E surtiu efeito pois ela acordou, abriu os olhos mas não conseguia falar.
Apesar de tudo a paramédica disse que teríamos que faze-la andar até a ambulância, pois como estava o terreno escorregadio tinha medo que caíssemos com ela na maca. Fui eu de um lado e o motorista da Samu do outro levando a Pérola por uns 50 metros de terreno escorregadio. 
Dentro da ambulância, finalmente senti que a história ia terminar bem. Ela foi medicada no hospital de Juquitiba. 
Duas horas depois estava já falando e querendo ir embora dali. Ela foi salva ali, mas o lugar não era de causar muito boa impressão. O hospital estava vazio, mas as enfermeiras pareceram não gostar de que tinha chegado alguém em estado grave, e todos tinham uma cara nada feliz. O lugar não tinha cheiro de hospital e notei fios de cabelo pelo chão e formigas. As portas de ferro tinham todas pontos de ferrugem e as paredes tinham sido pintadas mas com vários lugares descascando. Eu brinquei dizendo que ela havia morrido e estávamos em outro plano espiritual. Ela riu do absurdo, pois o Sus tava bem longe de parecer hospital do "Nosso Lar", a menos que estivéssemos no Umbral. Pode parecer ingratidão minha, mas a impressão que eu tive de todo o socorro e atendimento é que se for pra pessoa morrer ela vai morrer mesmo e só não morre porque não era a hora. Se fosse um infarto ela estaria morta. E quem tenta ajudar fica tão aturdido com a falta de eficiência que acaba tendo um enfarte também!. 
Eram duas da madrugada e pudemos ir embora. Mas não havia táxi na cidade, eles mesmo disseram pra nem perder tempo procurando. Que daqui a duas horas teria ônibus. Mas o coletivo parava a dois quilômetros de casa e estava chovendo...Daí pedi um telefone que eu queria ligar pra polícia. Pra pedir uma carona. As enfermeiras riram. Mas teve uma que demonstrou um pouco de amor ao próximo e conseguiu uma ambulância que nos deixou em casa. 
Daí fomos felizes para sempre. A Pérola acordou disposta, deu milho pras galinhas, fez o café da manhã e colocou roupa na máquina pra lavar. Enquanto escrevo isso ela está sentada lendo o Chico Xavier.

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